terça-feira, 13 de janeiro de 2009






Luxo em fatias Sucesso nos Estados Unidos, a propriedade compartilhada chega ao Brasil com o propósito de oferecer artigos sofisticados a preços mais acessíveis

CAROLINA GUERRA


NÃO É PRECISO SER BIlionário para desfrutar de uma mansão construída em um resort paradisíaco, pilotar uma Ferrari F430 ou navegar em um iate cotado em alguns milhões de dólares. Aliás, tudo isso pode ser seu - e por preços que não são nenhuma exorbitância. O segredo? Em vez de comprar a totalidade desses bens, você adquire apenas uma fatia deles, dividindo o restante do produto com outros proprietários. A modalidade de negócio, conhecida como fractional ownership (propriedade compartilhada, numa tradução livre), faz enorme sucesso nos Estados Unidos, onde movimenta US$ 2,2 bilhões por ano. No Brasil, o sistema vem ganhando adeptos rapidamente. A ameriamericana RCI, empresa especializada nesse tipo de negócio, começou a vender propriedades em forma de cotas no Itacaré Paradise, um resort de luxo no sul da Bahia. A partir de R$ 100 mil, os interessados podem comprar parte de uma casa que custaria, integralmente, R$ 1 milhão. A propriedade vem mobiliada e não é preciso contratar os serviços de empregados, como arrumadeira, cozinheira e concierge, todos inclusos no pacote. Para os sócios, o único trabalho é definir o período de uso do imóvel, que depende do tamanho da cota adquirida.

FERRARI: por US$ 12,5 mil é possível ser dono desta máquina durante 35 dias do ano e ainda lucrar quando o carro for vendido

Além de utilizar a residência para lazer, o proprietário pode lucrar com o negócio. Se quiser alugar o imóvel, todo o dinheiro será revertido para o seu bolso. Mas isso apenas nas datas em que a casa estiver reservada para ele. Os clientes da RCI também têm a possibilidade de fazer permutas. Eles podem consultar a extensa lista de imóveis fracionados da RCI que estão localizados mundo afora. Se houver concordância entre os sócios, a troca é realizada. "Sua propriedade, neste caso, é uma porta de acesso a um sistema fechado de intercâmbio", afirma Alejandro Moreno, diretor de desenvolvimento da RCI no Brasil. Os especialistas aprovam o modelo. "Certamente, o acesso aos bens de luxo será ampliado significativamente", diz Luciano Deós, da consultoria de marcas GAD. A única restrição, segundo Deós, diz respeito à impossibilidade de personalização, pois é preciso respeitar as limitações impostas pela empresa que coordenou a divisão do bem.
IATE: barco de luxo é coisa de bilionário, certo? Nem tanto. Pelo preço de uma casa média, o cliente ganha o direito de dividir com outros sócios iates que custam milhões

"Ter acesso a um bem se tornou mais importante que possuílo", afirma Piers Brown, britânico fundador do portal FractionalLife। com, pioneiro em proporcionar compras compartilhadas de diversos bens de luxo na Europa e nos Estados Unidos। Em seu site é possível comprar frações de itens tão díspares quanto um trailer para viagens ocasionais ou um vinhedo na França, um iate projetado pelo aclamado arquiteto Norman Foster ou obras de arte contemporâneas, uma Ferrari vermelha ou campos de golfe. Segundo Brown, os bens são gerenciados por empresas especializadas em administração. Cabe aos donos pagar uma taxa de manutenção e avisar com antecedência quando pretendem usufruir do produto adquirido. "Em tempos de recessão, os consumidores tendem a buscar apenas o que é importante para eles, sem os custos e aborrecimentos associados à compra de um bem de luxo", afirma Brown. A mesma linha de raciocínio é adotada pelo empresário Rogério Andrade, presidente da Helisolutions, a primeira empresa de propriedade compartilhada de aeronaves no País. "Com o sistema fracionado, as dores de cabeça de se manter um helicóptero são terceirizadas", diz Andrade. "Além disso, obviamente sai muito mais barato". A partir de US$ 66 mil - convenhamos, nenhuma fortuna para um bem desse porte - é possível ser dono de uma aeronave. Detalhe: os modelos mais simples custam R$ 6,6 milhões.

HELICÓPTERO: basta avisar com uma antecedência de seis horas e encontrar a aeronave pronta para decolar -- e você ainda paga bem menos por isso

A propriedade compartilhada chegou também ao circuito cultural, um reduto até pouco tempo refratário a esse tipo de negócio. Hoje em dia, inúmeros colecionadores adotam o modelo para ter acesso a obras de arte de artistas consagrados, como o espanhol Pablo Picasso e o italiano Canaletto. O negócio é promovido pela companhia inglesa The Fine Art Fund, que garante descontos no Imposto de Renda aos donos, além da oportunidade de expor a obra de arte em casa por um período do ano. Para entrar no clube é exigido um investimento mínimo de US$ 250 mil. Neste caso, porém, o objetivo principal é lucrar com a compra e venda de obras. Segundo os gestores do Fine Art Fund, os investidores terão retorno garantido de 6,5% ao ano.











Fonte: Revista ISTO É

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