quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Bahia quer manter viva a cultura dos saveiros


Os olhares atentos dos jovens, adultos e idosos a fotografias, miniaturas e esculturas em aço mostram que os saveiros ainda ocupam um generoso espaço no coração dos baianos e um mix de curiosidade e interesse entre as pessoas que visitam a Bahia. Prova disso é o alto número de visitantes que tem ido conferir de perto a programação da II Semana do Saveiro, que reúne até o próximo dia 24, no Armazém 1 da Codeba, no bairro do Comércio, em Salvador, exposições e mostras da cultura que encanta centenas de apaixonados desde o século XVII.

Uma das principais amostras do evento, promovido pela Associação Viva Saveiro com o apoio da Secretaria Estadual do Turismo, é a exposição do artista plástico Bel Borba, batizada de Água Grande, em homenagem aos saveiros e à cultura do Recôncavo. “Nesse trabalho, chamei para mim várias impressões e sensações que projetei sobre 100 toneladas de aço carbono, com a agradável sensação de estar reciclando, criando e transformando”, disse.

Segundo ele, quatro caminhos foram escolhidos. “As máscaras representam as etnias, as figuras humanas recortadas representam diversos perfis iconográficos, há também os quatro elementos (terra, fogo, água e ar) e as pontes que representam a ponte província-metrópole”. Bel Borba disse ainda que o saveiro representa a ponte do tempo, das diferenças e das sensações.

Para a estudante Carine Oliveira, 18 anos, que mora em Maragojipe, no Recôncavo Baiano, os saveiros representam a maior identificação da região onde mora. A mãe dela, Marta Oliveira, disse que o balanço das águas calmas da Baía de Todos os Santos torna as viagens de saveiro mais românticas.

Apesar do romantismo, a cultura dos saveiros está desaparecendo ao longo dos anos. A Bahia, que já teve quase 2 mil embarcações deste tipo, hoje conta com apenas 18. Para o diretor da Associação Viva Saveiro, Dica Paranhos, a iniciativa da Secretaria Estadual do Turismo (Setur), em apoiar exposições e eventos ajuda a manter viva a cultura dos saveiros, que ainda é passada de pai para filho.

“Além de grande patrimônio cultural, os saveiros representam uma importante opção para o ecoturismo e inclusão social, pois a criação de estaleiros-escola, além de ensinar um ofício aos jovens, também garante opções de trabalho”, disse o presidente da entidade, Pedro Bocca.

Paixão de gerações

E a paixão pelos saveiros, mesmo com a redução gradativa do número de embarcações, vem rompendo a barreira do tempo e atravessando gerações. Os mestres Memeu, Lorão e Chacachá são bons exemplos disso, uma vez que seus filhos ajudam a manter viva uma tradição que, nessas famílias, já dura mais de 50 anos. Ainda em atividade pelas águas da Baía de Todos os Santos destacam-se os saveiros Sombra da Lua, É vida e Vendaval.

Atualmente, os saveiros são utilizados para passeios particulares dos próprios donos das embarcações ou para o transporte de mercadorias entre Salvador e cidades do Recôncavo. Os principais itens trazido a bordo dos saveiros são as peças artesanais de Maragojipinho, além de mariscos e peixes para a Feira de São Joaquim e rampa do Mercado Modelo.

Programação da 2ª Semana do Saveiro

Terça-feira (20)

  • Exposição dos Saveiros Sombra da Lua, É Vida e Vendaval
  • Passeio de saveiros
  • Happy hour com músicas regionais
  • Visitação das exposições das 10h às 21h
  • Palestra

Quarta-feira (21)

  • Visitação das exposições das 10h às 21h
  • Passeio de saveiros
  • Happy hour com músicas regionais
  • Palestra

Quinta-feira (21)

  • Visitação das exposições das 10h às 21h
  • Passeio de saveiros
  • Happy hour com músicas regionais
  • Palestra

Sexta-feira (22)

  • Visitação das exposições das 10h às 21h
  • Passeio de saveiros
  • Happy hour com músicas regionais
  • Palestra sobre a recuperação dos saveiros

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